quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Reprimir o desejo sexual faz mal?



Recebi diversos comentários (alguns impublicáveis) ao post Carta a Um Jovem Evangélico que Faz Sexo com a Namorada argumentando que a abstinência sexual defendida por mim e outros que comentaram a matéria provoca nos jovens evangélicos traumas e neuroses. Ou seja, passar a adolescência e a mocidade sem ter relações sexuais faz com que os evangélicos fiquem traumatizados, perturbados mental e espiritualmente, reprimidos e recalcados.

Esse raciocínio tem sua origem mais recente nas idéias do famoso Sigmund Freud. Para ele, o sexo era o fator dominante na etiologia das neuroses e o desejo sexual era a motivação quase que exclusiva para o comportamento das pessoas. No início, Freud falava que o ser humano, até biologicamente (todos os seres vivos, no final), viveria sua existência na tensão entre dois princípios, ou instintos, primordiais: o princípio do prazer (instintivo e ligado ao id, às vezes relacionado como a libido) e o princípio da realidade (a limitação do prazer para tornar a vida possível, princípio ligado mais ao amadurecimento e, às vezes, ao superego). Mais tarde (na publicação de Além do Princípio do Prazer, 1920), ele passou a falar em outros dois princípios mais amplos, o princípio de vida e o princípio de morte, os quais ele denominou eros e tanatos, como os dois princípios que geram a tensão que move o ego. De qualquer modo, tanto o princípio do prazer quanto eros (princípio de vida) eram, para Freud, princípios instintivos, ligados à preservação da vida e da espécie, e sempre conectados ao apetite sexual (ver Os Instintos e Suas Vicissitudes, 1915).

Nem as crianças estariam livres desse apetite sexual instintivo – elas desejavam sexualmente seus pais. Freud apelou aqui para o complexo de Édipo, em que o filho deseja sexualmente a mãe e o complexo de Eletra, a inveja que a menina tem do pênis do menino. Naturalmente, quando esses desejos sexuais eram interrompidos, resistidos, negados, o resultado eram as neuroses, os traumas. As obras mais conhecidas onde ele sustenta seus argumentos são Sobre as Teorias Sexuais das Crianças (1908) e Uma criança é espancada - uma contribuição ao estudo da origem das perversões sexuais (1919), onde ele defende o surgimento das neuroses como resultado da repressão do desejo sexual.

Em que pese a importância de Freud, seu modelo e suas idéias têm sido largamente criticados e rejeitados por muitos estudiosos competentes. Todavia, algumas de suas idéias – como essa de que a repressão sexual é a causa de todas as neuroses e distúrbios – acabou se popularizando e é repetida por muitos que nunca realmente se preocuparam em examinar o assunto mais de perto.

Vou dizer por que considero esse argumento apenas como mais uma desculpa de libertinos que procuram se justificar diante de Deus, da igreja e de si mesmos pelo fato de terem relações sexuais antes e fora do casamento. Ou pelo menos, por defenderem essa idéia.

1. Esse argumento parte do princípio que os evangélicos conservadores são contra o sexo. Já desisti de tentar mostrar aos libertinos que essa idéia é uma representação falsa da visão cristã conservadora sobre o assunto. Nós não somos contra o sexo em si. Somos contra o sexo fora do casamento, pois entendemos que as relações sexuais devem ser desfrutadas somente por pessoas legitimamente casadas (ah, sim, cremos no casamento também). Foi o próprio Deus que nos criou sexuados. E ele criou o sexo não somente para a procriação, mas como meio de comunhão, comunicação e prazer entre marido e mulher. Há muitas passagens na Bíblia que se referem às relações sexuais entre marido e mulher como sendo fonte de prazer e alegria. O livro de Cantares trata abertamente desse ponto. Em Provérbios encontramos passagens como essa:

Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade, corça de amores e gazela graciosa. Saciem-te os seus seios em todo o tempo; e embriaga-te sempre com as suas carícias (Pv 5.18-19).

Não, não acredito que o sexo é somente para a procriação. Não, não sou contra planejamento familiar e o uso de meios preventivos da gravidez, desde que não sejam abortivos. Sim, o sexo é uma bênção, desde que usado dentro dos limites colocados pelo Criador.

2. Esse argumento, no fundo, acaba colocando a culpa em Deus, na Bíblia e na Igreja de serem uma fábrica de neuróticos reprimidos. Sim, pois a Bíblia ensina claramente a abstinência, a pureza sexual e a virgindade para os que não são casados, conforme argumentei no post Carta a Um Jovem Evangélico que Faz Sexo com a Namorada. Se a abstinência sexual antes do casamento traz transtornos mentais e emocionais, deveríamos considerar esses ensinamentos da Bíblia como radicais, antiquados e inadequados. E, portanto, como meras idéias humanas de pessoas que viveram numa época pré-Freud – e como tais, devem ser rejeitadas e descartadas como palavra de homem e não Palavra de Deus. Ao fim, a contenção dos libertinos é mesmo contra a Bíblia e contra Deus.

3. Bom, para esse argumento ser verdadeiro, teríamos de verificá-lo estatisticamente, na prática. Pesquisa alguma vai mostrar que existe uma relação direta de causa e efeito entre abstinência antes do casamento e distúrbios mentais, neuroses e coisas afins. Da mesma forma que pesquisa alguma vai mostrar que os jovens que praticam sexo livre antes do casamento são equilibrados, sensatos, sábios e inteligentes. Pode ser que até se prove o contrário. Os tarados, estupradores e maníacos sexuais não serão encontrados no grupo dos virgens e abstinentes.Talvez fosse interessante mencionar nesse contexto o estudo conduzido na Universidade de Minessota por Ann Meir. De acordo com as pesquisas, o sexo estava associado a auto-estima baixa e depressão em garotas que iniciaram as relações sexuais (idade média de início 15-17 anos) sem relacionamento afetivo ou romântico.

4. A coisa toda é muito ridícula. Funciona mais ou menos assim. Os libertinos tendem a considerar todo distúrbio que encontram como resultado de repressão dos desejos sexuais. Mas eles fazem isso não porque têm estatísticas, experiências ou históricos que provam tal teoria – mas porque Freud explica. Em vez de considerarem que esses distúrbios podem ter outras causas, seguem sem questionar a tese de Freud que tudo é sexo, desde o menininho de um ano chupando dedo até o complexo de Édipo.

O próprio Freud, na fase mais amadurecida de sua carreira, se questiona na obra Além do Princípio do Prazer (1920):

A essência de nossa investigação até agora foi o traçado de uma distinção nítida entre os “instintos do ego” e os instintos sexuais, e a visão de que os primeiros exercem pressão no sentido da morte e os últimos no sentido de um prolongamento da vida. Contudo, essa conclusão está fadada a ser insatisfatória sob muitos aspectos, mesmo para nós.

5. Embora a decisão de preservar-se para o casamento vá provocar lutas e conflitos internos no coração e mente dos jovens evangélicos, esses conflitos nada mais são que a luta normal que todo cristão verdadeiro enfrenta para viver uma vida reta e santa diante de Deus, mortificando o pecado e se revestindo diariamente de Cristo (Romanos 3; Colossenses 3; Efésios 4—5). Fugir das paixões da mocidade foi o mandamento de Paulo ao jovem Timóteo (2Timóteo 2:22). Essa luta contra a nossa natureza carnal não provoca traumas, neuroses, recalques e distúrbios. Ao contrário, nos ensina paciência, perseverança, a amar a pureza, a apreciar as virtudes e o que significa tomar diariamente a cruz, como Jesus nos mandou (Lucas 9:23). Os que não querem tomar o caminho da cruz, entram pela porta larga e vivem para satisfazer seus desejos e instintos.

Por esses motivos acima e por outros que poderiam ser acrescentados considero esse argumento – de que a abstenção das relações sexuais antes do casamento provoca complexos, neuroses, recalques – como nada mais que uma desculpa para aqueles que querem viver na fornicação. Não existe realmente substância e fundamento para essa idéia, a não ser o desejo de justificar-se ou desculpar-se diante de uma consciência culpada, da opinião contrária de outros ou dos ensinamentos da Escritura.

Os interessados em estudar mais esse assunto poderão aproveitar bastante o livro recém-lançado Sexo Não é problema – Lascívia, Sim – de Joshua Harris, pela Editora Cultura Cristã.

[Agradeço aos colegas e amigos Dr. Davi Gomes (apologeta) e Dr. Pérsio Gomes de Deus (psiquiatra) que leram e corrigiram o manuscrito desse post. Além, é óbvio, de Mauro e Solano.

Autor: Augustus Nicodemus Lopes
Fonte: O Tempora, O Mores

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Oh My God - Jars Of Clay

A canção do fundo musical do video do John Piper sobre a teologia da prosperidade.
Muito bom!!


Oh My God - Jars Of Clay

http://br.youtube.com/watch?v=888CnITzNGY

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Qual Jesus?



"Quisera eu me suportásseis um pouco mais na minha loucura. Suportai-me, pois. Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo. Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também sejam corrompidas as vossas mentes, e se apartem da simplicidade e pureza devidas a Cristo. Se, na verdade, vindo alguém, prega outro Jesus que não temos pregado, ou se aceitais espírito diferente que não tendes recebido, ou evangelho diferente que não tendes abraçado, a esses de boa mente o tolerais" (2 Coríntios 11.1-4).

"Então lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis que eu sou? Respondendo, Pedro lhe disse: Tu és o Cristo" (Marcos 8.29).

"Irmão, eu não estou interessado em qualquer conversa sobre doutrinas que nos dividam. A única coisa que me importa saber é se alguém ama a Jesus. Se ele me diz que ama a Jesus, não me interessa a qual igreja vai; eu o considero meu irmão em Cristo." Naquele momento, não me pareceu que fosse a hora e o lugar certo para argumentar com a pessoa que dizia isso. No entanto, eu me senti compelido a fazer uma pergunta para ela antes que a conversa se encerrasse: "Quando você fala com alguém que lhe diz amar a Jesus, você nunca lhe pergunta: ‘Qual Jesus?'"
Após um breve momento de reflexão, tal pessoa me respondeu que nunca faria tal pergunta. "Não seria simpático".

Sempre que visito alguns amigos de um outro estado, há um homem que me esforço em encontrar. Ele é a alegria em pessoa, um dos homens mais amigáveis que conheço. Mesmo sendo um muçulmano consagrado, ele se declara ecumênico, e orgulha-se do fato de compartilhar algumas das crenças tanto dos judeus como dos cristãos. Ocasionalmente ele freqüenta uma igreja com um de meus amigos e de fato aprecia a experiência e a comunhão. Certa vez em um restaurante, ele estava expondo o seu amor por Jesus para mim e nossos amigos cristãos, e encerrou a sua declaração com as seguintes palavras: "Se eu pudesse rasgar a minha carne de tal maneira que todos vocês entrassem em meu coração, vocês saberiam o quanto eu amo a Jesus." Os sentimentos que envolveram suas palavras foram impressionantes; na verdade, é incomum ouvir este tipo de declaração tão devotada, até mesmo em círculos cristãos.

Estamos falando da mesma pessoa?

Voltando agora para o meu dilema inicial. Eu estava admirando a expressão de amor de meu amigo quando um pensamento preocupante tomou conta de mim: Qual Jesus? Um breve conflito mental aconteceu. Pensei se eu devia ou não lhe fazer tal pergunta. Minhas palavras, no entanto, saíram antes que minha mente tomasse uma decisão. "Fale-me sobre o Jesus que você ama." Meu amigo muçulmano nem hesitou: "Ele é o mesmo Jesus que você ama." Antes de me tornar muito "doutrinário" com meu amigo, achei que deveria mostrar-lhe como era importante definirmos se estávamos realmente falando sobre o mesmo Jesus.

Eu usei o seu vizinho, que é um grande amigo nosso, como exemplo. Ele e eu realmente amamos esse cidadão. Depois de concordarmos sobre nossos sentimentos mútuos, eu comecei a dar uma descrição das características físicas de nosso amigo comum: "Ele tem um metro e setenta de altura, é totalmente careca, pesa mais ou menos uns 150 quilos e usa um brinco em sua orelha esquerda..." Na verdade, eu não pude ir muito longe, pois logo algumas objeções foram feitas. "Espere aí... ele tem quase dois metros, eu gostaria de ter todo o cabelo que ele tem, e ele é o homem mais magro que eu conheço!" Meu amigo acrescentou que certamente não estávamos falando sobre a mesma pessoa. "Mas isto realmente faz alguma diferença?", perguntei. Ele me olhou com incredulidade. "Mas é claro que faz! Eu não tenho um vizinho que se encaixa com a sua descrição. Talvez você esteja falando de uma outra pessoa, mas não de meu bom vizinho e amigo." Então destaquei o fato de que se nós verdadeiramente aceitássemos a descrição que eu acabara de dar, certamente não estávamos falando da mesma pessoa. Ele concordou.
A seguir continuei descrevendo o Jesus que eu conhecia. "Ele foi crucificado e morreu na cruz pelos meus pecados. O Jesus que você conhece fez o mesmo?"

"Não, Alá o levou para o céu logo antes da crucificação. Judas é quem morreu na cruz."

"O Jesus que eu conheço é o próprio Deus, que se tornou homem. O seu Jesus é assim?"
Ele negou com a cabeça e disse: "Não, Alá é o único Deus. Jesus foi um grande profeta, mas somente um homem." A discussão prosseguiu a respeito das muitas características que a Bíblia atribui a Jesus. Em quase todos os casos, meu amigo muçulmano tinha uma perspectiva diferente. Mesmo mantendo-se convencido de que ele tinha o ponto de vista correto sobre Jesus, o fato de que nossas convicções contraditórias não podiam ser reconciliadas pareceu reduzir o seu zelo em proclamar o seu amor por Jesus.

Discussão doutrinária é sectarismo?

Alguns enxergam este meu questionamento como algo não amoroso – como uma prova do sectarismo que a discussão doutrinária produz. Eu o vejo como uma tentativa de clarear o caminho para que meu amigo tenha um relacionamento genuíno com o único Salvador verdadeiro, o nosso Senhor Jesus Cristo – não com alguém que ele ou outros homens, intencionalmente ou não, têm imaginado ou inventado.

Doutrinas, simplesmente, são ensinamentos. Elas podem ser verdadeiras ou falsas. Uma doutrina verdadeira não pode ser divisiva de maneira prejudicial; esta característica se aplica somente a ensinos falsos. "Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles" (Rm 16.17; veja também Rm 2.8-9). Jesus, que é a Verdade, só pode ser conhecido em verdade e somente por aqueles que buscam a verdade (Jo 14.6; 18.37; 2 Ts 2.13; Dt 4.29). O próprio Cristo causou divisão (Mt 10.35; Jo 7.35; 9.16; 10.19), divisão entre a verdade e o erro (Lc 12.51).

"Qual Jesus?" é uma pergunta importantíssima para todo crente em Cristo. Nós deveríamos primeiro nos questionar, testar nossas próprias crenças sobre Jesus (2 Co 13.5; 1 Ts 5.21). Incompreensões sobre o Senhor inevitavelmente se tornam obstáculos em nosso relacionamento com Ele. A avaliação também pode ser vital com respeito à nossa comunhão com aqueles que se dizem cristãos. Recentemente, durante uma rápida viagem aérea, um dos meus amigos, preocupado o suficiente, fez algumas perguntas cruciais à pessoa próxima a ele sobre o relacionamento dela com Jesus. Mesmo tendo confessado ser um cristão, participando há quatro anos de uma comunidade cristã, essa pessoa na verdade não conhecia a Jesus nem entendia o evangelho da Salvação. Meu amigo o levou ao Senhor antes que o avião aterrizasse.

A "unidade cristã"

Com muita freqüência, frases parecidas com "nós teremos comunhão com qualquer um que confessar o nome de Cristo", estão sensivelmente impregnadas de camuflagens ecumênicas. O medo de destruir a unidade domina os que levam a sério este tipo de propaganda antibíblica, até mesmo ao ponto de desencorajar qualquer menor interesse em lutar pela fé. Surpreendentemente, "a unidade cristã" agora inclui a colaboração para o bem moral da sociedade com qualquer seita "que confessa o nome de Jesus."

"Jesus", o irmão de Lúcifer

Os ensinamentos heréticos sobre Jesus incluem todo tipo inimaginável de idéias sem base bíblica. O "Jesus Cristo" dos mórmons, por exemplo, não poderia estar mais longe do Jesus da Bíblia. O Jesus inventado por Joseph Smith, que a seguir inspirou o nome de sua igreja, é o primeiro filho de Elohim, tal como todos os humanos, anjos e demônios são filhos espirituais de Elohim. Este Jesus mórmon se tornou carne através de relações físicas entre Elohim (Deus, o Pai, o qual tinha um corpo físico) e a virgem Maria. O Jesus mórmon é meio-irmão de Lúcifer. Ele veio à terra para se tornar um deus. Sua morte sacrificial dará imortalidade para qualquer criatura (incluindo animais) na ressurreição. No entanto, se uma certa criatura, individualmente, vai passar a sua eternidade no inferno ou em um dos três céus, isto fica por conta de seu comportamento (incluindo o comportamento dos animais).

"Jesus", uma idéia espiritual

O Jesus Cristo das seitas da ciência da mente (Ciência Cristã, Ciência Religiosa, Escola Unitária do Cristianismo, etc.) não é diferente de qualquer outro ser humano. "Cristo" é uma idéia espiritual de Deus e não uma pessoa. Jesus nem sofreu nem morreu pelos pecados da humanidade, porque o pecado não existe. Ao invés disto, ele ajudou a humanidade a desacreditar que o pecado e a morte são fatos. Esta é a "salvação" ensinada pela tal Ciência Cristã.

"Jesus", o arcanjo Miguel

As Testemunhas de Jeová também amam a Jesus, mas não o Jesus da Bíblia. Antes de nascer nesta terra, Jesus era Miguel, o Arcanjo. Ele é um deus, mas não o Deus Jeová. Quando o Jesus deles se tornou um homem, parou então de ser um deus. Não houve ressurreição física do Jesus dos Testemunhas de Jeová; Jeová suscitou o seu corpo espiritual, escondeu os seus restos mortais, e agora, novamente, Jesus existe como um anjo chamado Miguel. A Bíblia promete que, ao morrer um crente em nosso Senhor e Salvador, a pessoa imediatamente estará com Jesus (2 Co 5.8; Fp 1.21-23). Com o Jesus deles, no entanto, somente 144.000 Testemunhas de Jeová terão este privilégio – mas não depois da morte, porque eles são aniquilados quando morrem. Ou seja, eles gastam um período indefinido em um estado inativo e inconsciente; de fato deixam de existir. Minha comunhão com Jesus bíblico, no entanto, é inquebrável e eterna.

"Jesus", ainda preso numa cruz

Os católicos romanos também amam a Jesus. Eu também o amei da mesma forma durante vinte e poucos anos de minha vida, mas ele era muito diferente do Jesus que eu conheço e amo agora. Algumas vezes ele era apenas um bebê ou, no máximo, um garoto protegido pela sua mãe. Quando queria a sua ajuda eu me assegurava rezando primeiro para sua mãe. O Jesus para quem eu oro hoje já deixou de ser um bebê por quase 2000 anos. O Jesus que eu amava como católico morava corporalmente em uma pequena caixa, parecida com um tabernáculo que ficava no altar de nossa igreja, na forma de pequenas hóstias brancas, enquanto que, simultaneamente, morava em milhões de hóstias ao redor do mundo. Meu Jesus, na verdade, é o Filho de Deus ressuscitado corporalmente; Ele não habita em objetos inanimados.

O Jesus dos católicos romanos que eu conhecia era o Cristo do crucifixo, com seu corpo continuamente dependurado na cruz, simbolizando, de forma apropriada, o sacrifício repetido perpetuamente na missa e a Sua obra de salvação incompleta. Aproximadamente há dois milênios, o Jesus da Bíblia pagou totalmente a dívida dos meus pecados. Ele não necessita mais dos sete sacramentos, da liturgia, do sacerdócio, do papado, da intercessão de Sua mãe, das indulgências, das orações pelos mortos, do purgatório, etc. para ajudar a salvar alguém. Os católicos romanos dizem que amam a Jesus, mesmo quando se chamam de católicos carismáticos, católicos "evangélicos", ou católicos renascidos, mas na verdade eles amam um Jesus que não é o Jesus bíblico. Ele é "um outro Jesus".

"Jesus", o bilionário

Até mesmo alguns que se dizem evangélicos promovem um Jesus diferente. Os chamados pregadores do movimento da fé e da prosperidade promovem um Jesus que foi materialmente próspero. De acordo com o evangelista John Avanzini, cujas roupas chiques refletem o seu ensino, Jesus vestia roupas de marca (uma referência à sua capa sem costura) semelhantes às vestidas por reis e mercadores ricos. Usando uma argumentação distorcida, um pregador do sucesso chamado Robert Tilton declarava que ser pobre é pecado, e já que Jesus não tinha pecado, então, obviamente, ele devia ter sido extremamente rico. O pregador da confissão positiva Fred Price explica que dirige um Rolls Royce simplesmente porque está seguindo os passos de Jesus. Oral Roberts sustenta a idéia de que, pelo fato de terem tido um tesoureiro (Judas), Jesus e Seus discípulos deviam ter muito dinheiro.

O "Jesus" do movimento da fé e das igrejas psicologizadas

Além da pregação sobre um Cristo que era materialmente rico, muitos pregadores do movimento da fé, tais como Kenneth Hagin e Kenneth Copeland, proclamam um Jesus que desceu ao inferno e foi torturado por Satanás a fim de completar a expiação pelos pecados dos homens. Este não é o Jesus que eu conheço e amo.
O Jesus de Tony Campolo habita em todas as pessoas. O televangelista Robert Schuller apresenta um Jesus que morreu na cruz para nos assegurar uma auto-estima positiva. Para apoiar sua tese sobre Jesus, psicólogos cristãos e numerosos pregadores evangélicos dizem que Sua morte na cruz prova o nosso valor infinito para com Deus e que isto é a base para nosso valor pessoal. Não somente existe uma variedade enorme de "jesuses" que promovem o ego humano hoje em dia, como também estamos ouvindo em nossas "igrejas" psicologizadas que a verdade sobre Jesus pode não ser tão importante para o nosso bem psicológico do que nossa própria percepção sobre Ele. Esta é a base para o ensino atual do integracionista psicoespiritual Neil Anderson e outros que promovem técnicas não-bíblicas de cura interior. Eles dizem que nós devemos perdoar Jesus pelas situações passadas, nas quais nós sentimos que Ele nos desapontou ou nos feriu emocionalmente. Mas, qual Jesus?

Conclusão

A comunhão com Jesus é o coração do Cristianismo. Não é algo que meramente imaginamos, mas é uma realidade. Ele literalmente habita em todos que colocam nEle a sua fé como Senhor e Salvador (Cl 1.27; Jo 14.20; 15.4). O relacionamento que temos com Ele é ao mesmo tempo subjetivo e objetivo. Nossas experiências pessoais genuínas com Jesus estão sempre em harmonia com a Sua Palavra objetiva (Is 8.20). O Seu Espírito nos ministra a Sua Palavra, e este conhecimento é o fundamento para nossa comunhão com Ele (Jo 8.31; Fp 3.8). Nosso amor por Ele é demonstrado e aumenta através de nossa obediência aos Seus mandamentos; nossa confiança nEle é fortalecida através do conhecimento do que Ele revela sobre Si mesmo (Jo 14.15; Fp 1.9). Jesus disse: "Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz" (Jo 18.37). Na proporção em que nós crentes aceitarmos falsas doutrinas sobre Jesus e Seus ensinamentos, também minaremos nosso relacionamento vital com Ele.

Nada pode ser melhor nesta terra do que a alegria da comunhão com Jesus e com aqueles que O conhecem e são conhecidos por Ele. Por outro lado, nada pode ser mais trágico do que alguém oferecer suas afeições para outro Jesus, inventado por homens e demônios. Nosso Senhor profetizou que muitos cairiam na armadilha daquela grande sedução que viria logo antes de Seu retorno (Mt 24.23-26). Haverá muitos que, por causa de sinais e maravilhas, como são chamados, feitos em Seu nome, se convencerão de que conhecem a Jesus e O estão servindo. Para estes, um dia, Ele falará estas solenes palavras: "...Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade" (Mt 7.23). Mesmo que sejamos considerados divisivos por perguntarmos "Qual Jesus?", entendam que este pode ser o ministério mais amoroso que podemos ter hoje em dia. Porque a resposta desta pergunta traz conseqüências eternas. (TBC 2/95 – traduzido por Ebenezer Bittencourt)

Fonte: Chamada da Meia Noite